Projeto da Codevasf aposta em repovoamento e cultivo do camarão-pitu
Aquicultura

Projeto da Codevasf aposta em repovoamento e cultivo do camarão-pitu

Sua popularidade como iguaria levou a espécie à sobrepesca, colocando-a em risco de extinção

05 de fevereiro de 2024

Diversos são os projetos de inovação e sustentabilidade vistas no Nordeste para manter a região entre as maiores produtoras de pescado nacional e um desses exemplos é a iniciativa da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) com o camarão-pitu (Macrobrachium carcinus), em Sergipe.
 
Crucial não apenas para a preservação ambiental, mas também para pesca - e num futuro próximo-, conforme busca a Codevasf, também para o fortalecimento da aquicultura, o camarão-pitu é uma espécie de captura encontrada em quase todos os rios do Brasil próximos ao litoral, mas sua popularidade como iguaria levou à sobrepesca, colocando-a em risco de extinção.
 
 
Por isso, em 2018, em colaboração com a Universidade Federal de Alagoas (UFAL/Polo Penedo), a Codevasf incluiu o camarão-pitu, na lista de espécies a ser trabalhada em seu Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e Aquicultura de Betume, em Neópolis, Sergipe. 
 
Se o projeto com a espécie tem como foco principal o repovoamento no rio São Francisco, no futuro a ideia é que possa colaborar também com a aquicultura, como afirma o engenheiro de pesca da Codevasf, Alexandre Delgado. "Nós já fizemos dois testes e eles têm comprovado a viabilidade do camarão-pitu ainda como uma espécie secundária na criação de peixes, mas os resultados são muito promissores", fala.
 
Para isso, matrizes e reprodutores da espécie foram capturados na região. Cada reprodução da fêmea do camarão-pitu resulta em cerca de 20 a 30 mil larvas por ano, ocorrendo até duas vezes anualmente.
 
Neste projeto, o desafio, conforme destaca Delgado, é manter as larvas vivas, pois só desova na água doce, porém só se desenvolve na água salgada. “Então, a larva precisa ser levada para a água salgada e passar um tempo lá, por isso sua produção só ocorre próximo ao litoral. Ele migra da água doce para a salobra. Reproduz e retorna para a água doce para crescer", explica.
 
No Centro Integrado em Sergipe, a reprodução segue a mesma dinâmica. A fêmea é colocada em caixas para a desova. Depois, no berçário, a água doce é substituída pela água salgada. Para aumentar a taxa de sobrevivência, são colocados no rio apenas os juvenis de camarão-pitu.
 
Para este o ano de 2023, a projeção foi de produzir aproximadamente 100 mil pós-larvas da espécie, sendo o laboratório de reprodução do camarão-pitu em larga escala da Codevasf o único no Brasil. "Hoje, o principal desafio é conseguirmos produzir em larga escala, e é isso que estamos fazendo", finaliza Delgado.
 
Essa matéria faz parte da Capa da Seafood Brasil #51. Clique aqui e leia na íntegra.
 
Créditos da imagem: Seafood Brasil
 

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