Reprodução artificial do pirarucu tem avanços importantes
Cientistas da Embrapa conseguiram analisar e descrever as células espermáticas do peixe e garantir que a coleta do sêmen é viável
12 de fevereiro de 2025
Um passo importante foi dado para a reprodução artificial do pirarucu (Arapaima gigas): de forma inédita, pesquisadores da Embrapa Pesca e Aquicultura (TO) conseguiram analisar e descrever as células espermáticas do peixe e comprovar a viabilidade de coleta de sêmen.
Em resumo, esse avanço é considerado essencial para que assim, haja garantia na oferta de alevinos e atender à crescente demanda do setor produtivo por uma reprodução artificial (fora do corpo do animal), como ocorre com outras espécies de peixe criadas em cativeiro. Aqui, cabe ainda lembrar que o pirarucu é uma espécie de origem amazônica e que é ameaçada de extinção, justamente por ser altamente valorizada na gastronomia e até pela indústria da moda.
De acordo com a Embrapa, os resultados, que são de décadas de estudos, foram publicados na revista científica Fishes e se deram no âmbito do projeto internacional Aquavitae, o maior consórcio científico mundial voltado à aquicultura, e que abrange o Atlântico e regiões banhadas por esse oceano. “Esse é mais um marco em uma pesquisa que já dura 9 anos e agora, foca na criopreservação de material genético para a conservação e reprodução artificial da espécie”, relata Lucas Torati, pesquisador que lidera o estudo.
Sendo assim, segundo Torati, o próximo passo para a domesticação completa do pirarucu é justamente a criopreservação do sêmen da espécie.
Dificuldades para a reproduçãoQuando o assunto é reprodução, pode-se comparar a da tilápia para entender a importância dos resultados dos estudos da Embrapa.
Em resumo, a tilápia (Oreochromis niloticus) tem uma reprodução em cativeiro consolidada há anos. No entanto, a domesticação do pirarucu é um dos maiores desafios da ciência, uma vez que boa parte do setor produtivo realiza a sua reprodução de forma natural. Segundo a entidade, estima-se que, em um universo de 10 a 15 casais formados em uma propriedade, apenas três ou quatro irão se reproduzir a cada ano.
Ao entender este cenário, os cientistas têm o objetivo de fixar um protocolo para a reprodução artificial da espécie. Dessa forma, a oferta de alevinos poderá ser constante ao longo do ano, demanda essa que não é novidade do setor produtivo. Logo, o primeiro desafio foi encontrar um método para identificar machos e fêmeas. “ A dificuldade de diferenciar os sexos da espécie faz os criadores povoarem os viveiros aleatoriamente na tentativa de formar casais. Quando um casal se formava, era colocado em um viveiro menor, mais fácil de se manter o controle dos peixes”, explica Torati.
Sendo assim, para responder a essa questão, os pesquisadores desenvolveram um “método de canulação” que, em resumo, consiste em um tubo estreito que é inserido no “oviduto” do animal, permitindo distinguir o sexo e ainda verificar o grau de maturidade das fêmeas – veja o vídeo aqui.
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Créditos imagem: Canva
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