Anuário PeixeBR 2023: piscicultura brasileira cresce 2,3% em 2022
Aquicultura

Anuário PeixeBR 2023: piscicultura brasileira cresce 2,3% em 2022

Tilápia segue protagonista no País, nativos se recuperam e outras espécies de peixes registraram queda

27 de fevereiro de 2023

A piscicultura brasileira atingiu 860.355 toneladas produzidas em 2022. O número representa um crescimento de  2,3% no ano passado, quando comparado a 2021. As informações são do Anuário 2023 da Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR) divulgados nesta segunda-feira (27/02).
 
Entre os principais resultados da publicação, a tilápia permanece com destaque entre os peixes de cultivo e teve aumento de 3% na produção nacional, com 550.060 toneladas em 2022. Os peixes nativos também avançaram (1,8%) nessa mesma comparação, passando de 262.370 toneladas para 267.060 toneladas. As outras espécies (carpas, trutas e pangasius) somaram 43.235 toneladas e registraram queda de 3% sobre as 44.585 produzidas no ano anterior.
 
Evolução do segmento
 
A PeixeBR informa que desde que oficializou essas estatísticas, em 2014, a evolução da produção de peixes de cultivo já chegou a 48,6%. É um acréscimo de 281.555 toneladas em nove anos.
 
O ano de 2022 foi bastante atípico, com um primeiro semestre de preços baixos pagos ao produtor. Essa condição levou à redução do alojamento e, por consequência, também da oferta de peixes na segunda metade de 2022. A partir daí, ocorreu aumento de preços pagos ao produtor. Entre agosto e dezembro houve a maior série histórica dessa elevação, com aumentos semanais, de acordo com levantamento do CEPEA.
 
A elevação do custo de produção impactou todas as demais cadeias de proteína de origem animal e não foi diferente com a piscicultura. “Esse foi um dos principais desafios do setor, pois acabou influenciando os preços da ração, que representa o maior custo da piscicultura”, afirma o presidente-executivo da PeixeBR, Francisco Medeiros. 
 
O dirigente acrescenta que o cenário ainda foi intensificado pela perda do poder aquisitivo de parte da população. “A solução foi melhorar a gestão dos negócios em toda a cadeia produtiva, oferecendo novos itens ao consumidor final e ampliando os canais de venda”, disse Medeiros. 
 
Com a melhoria dos preços pagos ao produtor no segundo semestre, houve uma corrida por alevinos e juvenis de tilápia. O mercado não conseguiu atender a essa demanda durante todo o segundo semestre, já projetando uma grande produção para 2023. Segundo Medeiros, o Brasil tem neste momento as melhores condições do mundo para continuar e aumentar sua produção. 
 
No cenário do mercado de peixes nativos, após um longo período de queda de produção, houve estabilização com pequeno crescimento. Esse resultado é bastante significativo, mesmo diante de todos os desafios que o setor enfrenta, desde sanidade, legalização da produção, industrialização e ampliação de novos mercados. 
 
Apesar desse aumento, o produtor continua com menor remuneração, o que levou a uma baixa procura por alevinos para reposição do alojamento no último trimestre de 2022. A quaresma de 2023 é o período que vai definir o futuro do negócio de peixes nativos. Se houver recomposição de preços pagos ao produtor poderá ocorrer retomada da produção no Brasil. Porém, sem a solução para os principais gargalos do setor, o risco continua. 
 
 
Medeiros destaca que a piscicultura brasileira, gerida de maneira profissional como tem sido feito, tem muito potencial de crescimento. “Está apenas começando no Brasil. E temos aí três décadas seguidas de crescimen¬to”, afirmou. Grande expectativa vem também do espaço que o peixe produzido por aqui pode ocupar no mercado internacional. Em 2023, o Brasil exportou 8,5 mil toneladas, com receita de US$ 23,8 milhões. Houve elevação do faturamento em 15%, porém recuo do volume (-13%).
 
A presença internacional ainda é pequena, mas pode crescer com mais velocidade. Segundo Medeiros, a abertura de mercado para produtos congelados, como a tilápia em filé ou inteira, já tem feito a diferença. “Já estão entre nossos principais itens de exportação.”
 
Segundo a PeixeBR, os índices de expansão da piscicultura como um todo podem ser ainda mais relevantes nos próximos anos conforme aumentar também a segurança jurídica para produção de pescado de cultivo, com ampliação da liberação de uso das águas da União e com mais programas governamentais que estimulem o setor. 
 
Estados
 
O Paraná permanece com a liderança da produção nacional de peixes de cultivo em 2022 com 194.100 toneladas (+3,24% ante 2021). Já São Paulo foi outra vez o segundo colocado com 83.400 toneladas, ou seja, 2,16% em comparação a 2021. Apesar de mais um ano de queda apenas com espécies nativas, agora de 4,03%, Rondônia se manteve na terceira posição com 57.200 toneladas de peixes em 2022.
 
Entre os demais Estados, os destaques positivos ainda foram para o Amapá que saltou 14,29% em 2022, apesar da produção ser apenas de tilápia (80 t) e nativos (1.200 t). Minas Gerais também teve um ótimo desempenho em 2022 ao registrar 54.700 t na atividade (+11,41%). O número faz o Estado ter o melhor desempenho no período e permanecer na quarta posição entre os principais produtores do Brasil. 
 
Já a Bahia também esteve bem na atividade em 2022 e somou 34.000 toneladas no ano. O salto foi de 8,80% ante a produção aquícola de 2021.
 
Conforme o Anuário da Peixe Br, além da citada Rondônia, mas seis estados registram queda na produção aquícola em 2022, são eles: Mato Grosso do Sul com 934.450 t (-7,89%), Rio grande do Sul com 27.300t (-1,44%), Espirito Santo com 17.900 t (-4,28%), Rio de Janeiro com 3.380 t (-2,17%), Sergipe com 4.100 t (-10,87%) e Alagoas com 9.850 t (-23,05%).
 
Região
 
Com dois dos dez estados que mais produzem peixe no Brasil, a Região Sul continua a ser o principal polo de cultivo no País. As 275.700 toneladas registradas pelos sulistas em 2022 representam praticamente um terço (32%) de todo o volume nacional de peixe. E ainda teve crescimento de 2,4% sobre as 269.300 toneladas de 2021.
 
 
O Nordeste, que vem em seguida, mas com uma distância considerável, produziu 170.065 toneladas em 2022, quase 20% do que o Brasil cultivou de peixe. Esse volume é 4,8% maior do que o apresentado em 2021 (162.250 t). Os nordestinos tiveram o crescimento mais expressivo na relação ano contra ano.
 
Logo atrás, tanto em produção quanto em crescimento, aparece o Sudeste com 159.380 toneladas e um avanço de 4,2% sobre 2021. A Região Norte é a quarta em volume, com 145.310 toneladas, praticamente estável, com apenas 0,3% de aumento. 
 
O Centro-Oeste registrou queda de 1,6% de 2021 para 2022 e passou de 111.750 toneladas para 109.900 toneladas.
 
 
Créditos: Seafood Brasil
 

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