Crise do salmão no Chile incentiva busca por origens e espécies alternativas
Fornecedores de salmão selvagem do Alasca querem aproveitar nova safra para minimizar carência de varejo e food service brasileiros
12 de abril de 2016
O receio do desabastecimento já promove uma busca por novas origens de salmão, como o Alasca, ou outras espécies que possam aumentar o mix de produtos e diminuir a dependência do peixe rosado que caiu no gosto do brasileiro. "Cerca de 38% do nosso share de pescado é salmão, e o preço já subiu 100%", conta Alexandre Sassá, diretor do Sassá Sushi. "Com isso, estou estudando aumentar a variedade e vendendo mais pirarucu, tilápia e pintado, além de criar outros produtos em meu delivery", conta.
O empresário, que tem dois restaurantes na capital paulista e opera um delivery com 10 mil entregas por mês, relata que a negociação com os importadores está difícil para restaurantes de pequeno porte. "Quem não tem 'entrada' com importador vai ter falta de produto", conta.
Os volumes aumentam a margem de manobra. Sassá, por exemplo, opera com 8 toneladas de salmão chileno fresco por mês e 500kg mensais de salmão selvagem do Alasca congelado - produto que deve aumentar em seu mix. Além disso, ele diz que as espécies produzidas no Brasil, como tilápia, tambaqui, pirarucu e pintado, colaboram para diversificar a oferta e diminuir a dependência do salmão.
Alasca se prepara
Os fornecedores do Alasca já se preparam para atender parte da carência do food service brasileiro. Lance Magnuson, Vice-Presidente do Comitê Internacional do Alaska Seafood Marketing Institute (ASMI) e Diretor da Blue North Trading, diz que as "empresas do Alasca estão prontas a trabalhar próximas as empresas brasileiras para suprir a demanda, oferecendo cinco espécies de salmão selvagem com altíssima qualidade e a preços muito competitivos."
A safra do salmão se inicia em meados de maio e e a projeção do Alaska Department of Fish and Game é que a quantidade fique em 161 milhões de salmões, entre as espécies Salmão Rosa (Pink), Keta (Chum), Prateado (Coho), Vermelho (Sockeye) e Real (King).
Segundo a ASMI Brasil, como se trata de uma espécie selvagem, importadores devem antecipar negociações para garantir fornecimento junto aos exportadores do Alasca. “É importante que as empresas brasileiras antecipem-se a já comecem a negociar com os exportadores do Alasca a fim de garantir fornecimento. Para aquelas empresas que não importam, uma boa estratégia é buscar fornecimento local com aqueles que já trazem alguma das espécies de salmão selvagem do Alasca”, descreve José Madeira, responsável pelo escritório no País. Frescatto Company, Noronha Pescados, Sirius e J.P. Klausen são algumas das empresas com atuação nacional que operam com salmão do Alasca.
A disponibilidade não é uma barreira, já que o Estado norte-americano possui ao menos 15 empresas habilitadas a exportar ao Brasil, mas o costume brasileiro de consumir o salmão fresco pode atrapalhar os planos. Por isso a ASMI Brasil está empreendendo uma campanha junto a parceiros para promover o congelado. "Há programas de marketing e treinamentos especiais que vem sendo implementados pela ASMI no Brasil para chefs, brigadas de restaurantes e consumidores que ajudam a desmistificar o uso e o preparo dos peixes congelados do Alasca", diz Carolina Nascimento.
Truta salmonada?
Em períodos de flutuação de oferta ou de preço, a truta salmonada chilena já aliviou a carência que os restaurantes e varejo têm do salmão. O Brasil também produz truta salmonada, por intermédio de empresas como a Trutas NR. De acordo com o diretor, Afonso Vivolo, as consultas têm aumentado muito, mas ninguém no Brasil tem produção suficiente para atender à demanda.
"Eu tenho condições de atender um, mas me ligam 100 em busca da truta salmonada. Infelizmente terão de buscar outro peixe, já que a truta demora ao menos 1 ano e meio para chegar a 1 kg", conta. O tamanho comercial do salmão Atlântico de cultivo fica entre 3kg e 5 kg.
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