O que nos dizem os dados do IBGE sobre a piscicultura brasileira
Aquicultura

O que nos dizem os dados do IBGE sobre a piscicultura brasileira

Onde estamos e aonde vamos?

Ricardo Pereira Ribeiro - 10 de maio de 2019

Os dados do IBGE (Figura 01) mostram que em todas as regiões do País há a presença de um bom número de espécies de peixes nas propriedades brasileiras, com destaque para as Carpas e as Tilápias. Nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste isso já era esperado, pois a produção, especialmente da tilápia, em escala comercial é significativa e tem demonstrado como grande “mola propulsora” do Negócio “Aquicultura” no nosso País.
 
Figura 01: Produção de peixes, por espécies e por UF no Brasil, segundo o IBGE (2018).
 
 
Fonte:https://www.nexojornal.com.br/grafico/2019/04/18/A-quantidade-de-peixes-produzidos-no-Brasil
 
Nas regiões Centro e Norte a aquicultura é baseada em espécies nativas e híbridos diversos destas espécies, porém, em especial na região Centro Oeste, devido às condições ambientais favoráveis, a tilápia apresenta grande potencial produtivo e tem despertado o interesse dos produtores devido às suas características produtivas e comerciais.
 
O que desperta destaque nos dados apresentados é a presença preponderante das espécies como as carpas e as tilápias nas propriedades em todas as regiões do Brasil sem serem atividades empresariais, o que nos remete a uma reflexão  importante, a função que estas espécies estão cumprindo na Agricultura Familiar, estão vinculadas à Segurança Alimentar do País, pois são uma importante fonte de proteína de excelente qualidade para populações, que em muitos casos são vulneráveis do ponto de vista alimentar.
 
O norteamento de políticas públicas para a aquicultura e o licenciamento ambiental devem levar em conta este aspecto, especialmente quanto ao licenciamento, está consolidada sua presença em todo território nacional e em todas as Bacias Hidrográficas brasileiras e, o IBGE tem fé pública, ou seja, seus dados são verdadeiros e oficiais logo após sua publicação (Tabela 01).
 
 

Regiões

Carpa + Tilápia/região (em %)

Tilápia/Região (em %)

Carpa/Região (em %)

Norte

11,91

12,26 (5.804 propriedades)

0,60

Nordeste

49,56

28,11 (13.164 propriedades)

3,16

Sudeste

54,73

44,82 (25.354 propriedades)

10,22

Sul

63,74

22,49 (61,253 propriedades)

41,05

Centro Oeste

14,16

16,34 (4.497 propriedades)

2,12

 
Assim podemos reiterar a afirmação da importância destas duas espécies na participação na produção de proteína junto à Agricultura Familiar e sua destacada importância na Segurança Alimentar no país como os cultivos familiares de aves e suínos junto à estas populações.
Estas informações, por mais contestadas que possam ser por parte daqueles que querem fazer de conta que estas espécies podem atentar contra a segurança ambiental e a biodiversidade de algumas regiões, ilustram que a espécie já está presente no Brasil há mais 40 anos em todas as bacias hidrográficas.
 
O artigo publicado em 2017 na conceituada revista Hydrobiologia, sob título “The invasive potential of tilapias (Osteichthyes, Cichlidae) in the Americas”, assinado pelos pesquisadores Cassemiro, Bailly, Graça e  Agostinho (Figura 02), mostra, de forma alarmante, a presença da tilápia do Nilo em todas as bacias hidrográficas brasileiras, com forte presença no Sul e Sudeste do Brasil.
 
Os dados relatados e confirmados nos levantamentos de Órgãos Governamentais como IBGE e outros afirmam que a tilápia está presente em todas as bacias hidrográficas brasileiras, pois 106.072 proprietários rurais declararam a este órgão a presença dela em suas propriedades.
 
Portanto, não há como justificar que não se realize uma revisão dos ANEXOS I a VIII da Portaria do IBAMA no. 145/98, de 29 de 1998, incluindo estas duas espécies como espécies detectadas em todas as Bacias Hidrográficas brasileiras, de modo a colocar um ponto final nesta discussão sobre a liberação do cultivo destas espécies em todas os Estados do Brasil, pois não há mais como justificar que elas não estejam presentes e seus supostos impactos negativos não foram detectados nestes últimos 40 anos.

espécies exóticas, espécies introduzidas, tilápia

Sobre Ricardo Pereira Ribeiro
 
  • Professor associado na Universidade Estadual de Maringá (UEM)
 
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